quarta-feira, 28 de maio de 2014

Gerald Thomas - Entre dentes e Des pachos nas encruzilhadas e sobre a morte da confiança, os cegos e as dores de joelhos.

em construção...




"Não pode ser apenas a raiva que desperta a inútil dor ( a boca se fecha e cerra os dentes), talvez exista amor em algum lugar, mas a solidão é como uma faca afiada, onde nem eu nem você poderemos jamais voltar atrás, desde os dias mais sombrios e as falas mais tristes, desde o abandono, a falta, eu te perdoei diversas vezes, e fui surda para as suas mentiras e malcriações, eu pude ver o sol nascer e se por, e saber que você diz sempre a mesma coisa para todas as quais você usa, ousa, ultra passa a fronteira da morte."




Acordei cedo e na porta de casa um despacho, doze vela metade vermelha, metade preta, pinga, e muitas pimentas vermelhas...

Aquele dia era a última vez que eu iria ver a peça, o Gerald e tudo que acompanha essa longa historia de muita expectativa frustrada.
A feira gritava nos meus ouvidos, e o Lino que ainda não havia visto, me solicitava a presença, não tínhamos ingressos, mas sabíamos que alguma alma boa iria nos salvar, por acaso a Lívia tinha dois e me deu mais um... era a minha terceira vez, ali de frente pro Ney, que esta maravilhoso, e que me valia a pena repetir inúmeras vezes...
Aquele dia fatídico, me fez relembrar algumas entrevistas do Gerald, sobre a inveja e o ciúmes, porque a verdade é que finalmente eu entendia que Jamais, estou dizendo JAMAIS eu poderia alcançar a arrogância criada em torno da verdade do outro.
Entredentes me fez entender as relações humanas, o desprezo que existe entre as pessoas de classes sociais diferentes, a cultura da imbecilidade, e finalmente a doença como realmente ela é! As camadas basais, a vontade de viver, a fome e o útero, meu Deus esse céu estrelado e DEUS, porque sem tudo isso, sem essa humanidade e um pouco de raiva, eu não seria capaz de me ver no outro.
Porque quando a desgraça da humanidade vem em forma de bombas, a única coisa que nos resta e entrar pra dentro da terra, e talvez quem sabe entrar dentro de uma buceta gigantes, e virar feto. Afeto é o que nos falta.


Entredentes veio para me fazer enxergar que a vida não gira em torno dos umbigos mesmo que eles queiram, que no cotidiano as dores, e as encruzilhadas atingem mesmo as estrelas, e que neste chão, a terra grita a misericórdia de um cristo que já morreu e não volta mais.


Na casa de um judeu, na casa de um filho judeu, ele sabe que os seus morreram dentro de cabines de gás, e que mesmo sua mãe não sendo judia ele é, e corre em seu sangue, o povo a vida deste povo a milhões e milhões de anos, judeu verdadeiro? nunca pude entender. Travestis saltos altos, cocaína, bombas, dopaminados, minados... e como a soberba e ingratidão são pratos rasos, e continuamos na miséria, não artística, porque essa ´´e poço sem fundos, mas eu... sai da BRASIL e cruzei o céus pra ver Gerald, ainda bem que o Brasil da copa ressurgiu entre frangalhos, entre uma humanidade burra, que não entende nada, eu digo NADA de nada, somos mesmo um povo sem estudo, sem cultura, sem vontade, porque isso a gente ensina quando se é criança, é como treino... é como uma vontade que se ensina a ter, é como comer.


Foi mesmo uma beleza ver de forma tão intensa a vida diante dos meus olhos e melhor ainda ver o rancor, sair de dentro de mim, e tomar uma vontade de falar coisas que me faziam tanto sentido, o que eu fiz? há senti vontade de vomitar por semanas a fio, eu fiquei bem doente, eu nem existia, eu deixei de ser, eu nunca mais quis dançar, e me senti inútil e perdedora.


Cega? talvez! mas com muitas dores, achei que estava doente de novo, mas um dia acordei mais cedo, olhei no espelho e estou LINDA, JOVEM, e comecei a entender Etredentes, a casa, a vida e tudo que era possível diante das minhas lamentações, fui casada com um Marroquino, e esse homem judeu era a minha vista mais próxima de uma historia contada para arrancar fígados, rins e olhos, eu estive cega, cega de verdade, cega de nome, de corpo e de tudo que eu posso realizar, entredentes é tomados por todos que se veem que sabem que os povos, e que a cultura da guerra é inventada, não existe realidade que seja objetiva, a lente de aumento tomou forma, nunca mais eu vou ter medo, porque o medo trava, e mata, a guerra é interna e sanguinária, as pessoas morrem o tempo todo, e morrem em suas vontades, e morrem por não fazer, por não se aceitarem, por não viver o que lhes é dado.

De onde nascem os muros, as lamparinas, a luz e a escuridão completa, nascer é sair da caverna e ver aquilo que nunca antes teria visto...  se surpreender, porque quem nasce, nasce em relação a lua... Dùs na terra da luz (no sol) das estrelas cadentes, entredentes, céus e luas...

Nasci de novo depois de morrer no coma, em uma cama, jazem fetos de estrelas cadentes, entredentes, Ney nasce de novo, da morte, da cama de um hospital...

Não foi ele que esperou Godot, todos os outros esperavam Godot voltar da lua, e ele voltou de branco, bem acoplado com sua roupa especial para viagens sensoriais, existe sim vida após a morte.

Início de 2013 – a vida parecia mesmo um deserto, um dês animo, a vontade era fugir, ser artista, não ser artista, era o pão, a fome, o aluguel, os despachos, sim...  cada um a sua forma, coma sua farofa  e o tao ANGU.., a vontade de ter poder e não te ló, a vergonha de não ter superado o medo da A N G U S T I A... A solidão do quarto, da casa...  eu e você,  mixes da vida...  a gente que precisa se propagar, transcender a arte...

Eu disse categoricamente: Quero morrer!  Essa parte do texto, era a prova viva, de alguém buscando viver.

 Eu quero morre! Eu diria que a vida estava brincando comigo, e que do outro lado do Skype alguém me falar de Tanger, Marrocos,  air line, e eu apenas sorria... era muito divertido e de repente nunca mais eu poderia esquecer aquele dia.

E no muro todas minhas lamentações se transformavam, era uma energia imensurável, três filasa frente, aquela luz, as minhas lagrimas, finalmente GERALD, ontem eu senti, eu senti mesmo, eu estava ali, sorrindo, chorando, e amando cada minuto de arte, cada segundo que eu estava viva pra ver o sol do NEY nascer na luz, no buraco negro da vagina... aliás foi assim que a gente se conheceu, de uma poesia que levanta saias.. Didi esta vendo aquela luz lá fora, que me atrai, ela me chama... vc sente o que eu sinto...  (silencio) cada segundo da minha vida passou ali vrummmm....

 Fiquei muda, como alguém se perde na lua, usando um mapa... de verdade foi a maior emoção do mundo, dessas de arrepiar e tudo me foi vindo, mas eu sentia um mal estar, um medo imensurável, boicote, queria ser perdedora pra sempre, nunca ganhei nada, tudo na minha vida foi a custo de muito suor, e estava devendo meses e meses de aluguel, e o Ney estava bem, recomeçando a sua viagem...
A depressão arregaça com a cabeça, só conseguia pensar no modo mais fácil de acabar com a dor e a surpresa do merecimento, não ser digna de estar entre as estrelas cadentes, entredentes...
Estava lá quando seu nome ecoou como uma bomba na minha cabeça...

Sentia uma vontade de vomitar, eu estava em um momento lindo, mas eu não tinha mais você, eu estava a aprendendo a sofrer melhor, eu queria perdão... Precisei contar sobre isso, falar da dor da tristeza, que agente quer se jogar do prédio, que a gente quer cortar os pulsos... más tudo era tão estranho, um dia quando estava operando um câncer, eu só estava ali porque você me fez vontade de viver... Eu queria ver você de perto, era sonho, era vontade, eu já tinha sido perdidamente apaixonada...
Todos os santos, ano que vem vai chegar, e não posso ficar esperando... Me Perdoa, eu sou a perdedora...  Perdoa- me. Fui longe pra te achar. Reconsidere que não posso viver assim.

Entredentes é parte de mim, é parte de quem se identifica, é parte de quem quer ver seu sucesso, sua obra, e de alguma forma, fui curada de novo, dei tantas risadas que fui levada ao choro, viajei sem medo de nunca mais voltar, e vi nos olhos dos três um tesão imensurável, no corpo cansado e vivo de Ney.

Há Didi, me faz uma massagem nas costas... Stragon vc sempre diz a mesma coisa...

Eu queria tocar as suas costas Gerald, eu queria dizer coisas sem medo, eu queria dizer que sem Aroldo, sem você, minha vida fica sem graça... Eu estava achando graça da sua graça.

Finalmente a peça explode dentro de mim, bombas, e sangue corre nas minhas veias, eu nunca acreditei em milagres, mas eles existem, nossos santos fortes que nos salvem a imbecilidade... como me senti ... como eu sou humanamente burra... BUM BUm... meu super salto alto quebrou, era o melhor deles...

Não pude dormir, os olhos dos trê vibrava na minha cabeça, eu sentia que algo, dessa vez mudou, e que a arte cumpria seu papel fundamental, de mudar, transformar e tirar as ganâncias e maldades que impomos a nos mesmo.

EU TO VIVA! Eu não tenho mais pena de mim... desci correndo as escadas, correndo, como se tivesse descoberto um segredo, e era Gerald na minha memória.

 Didi, e Estragon se encontram... O bicho, a bicha, o pênis... cadê meu pau... onde anda o meu pau! (grita desesperadamente, dentro da sua cabeça)


Eu morri dias atrás, mas na encruzilhada, das coisas eu renasci, deletei o Skype e recomecei a viver, para aqueles que me amam, porque eu tenho algo que é segredo, que esta dentro de todos nos, mas que eu achei que eu não tivesse, e esse poder não posso revelar já que nas outras revelações eu fui usada, levada a crer, a acreditar.


Foi sim Ney, foi maravilhoso me ver em você e me sentir viva, e saber que nas minhas lamentações e orações, as encruzilhadas vão se cruzar, vou servir farofa, um ensopado e muito dendê.
Tudo esta velho, ontem já foi o novo e hoje, neste dia frio, eu acordei bem feliz, por me ver no espelho, e conseguir enxergar que vai baixar o santo e ele vem forte, e eu nunca vou atravancar nada, e esta tudo liberado, e a gente ainda vai ser muito feliz, neste chão de giz.

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